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domingo, 8 de dezembro de 2013

Histórias que ajudam a explicar

Histórias que ajudam e explicar...

São histórias que explicam temas complicados de serem abordados com as crianças, como o divórcio, a mentira, de onde vêm os bebés e a morte.
Histórias com qualidade da revista Pais e Filhos: http://www.paisefilhos.pt
As cores dos amores Escrito por Texto: Eunice Guerreirio/Ilustração: Lucy Pepper

 As nuvens estavam cor-de-rosa. Joana olhava-as através das bolas de sabão que soprava e que subiam rumo ao céu.
- Vá, mana, sopra! – pedia João com palavras atabalhoadas  que, naquele verde prado ao vento, iam depois poisar nos ouvidos da irmã.
Joana descolava então o seu olhar do céu e, enternecida com a doçura da voz que ouvia, soprava, vendo-o depois correr atrás das bolas. Inundadas de luz, pareciam levar com elas o arco-íris.
- Está ali um castelo! – exclamou Joana, agora deitada na erva fresca, dando início ao jogo ‘o que escondem as nuvens’.
alt
o que é o amor?
- E ali um cão! – dizia João, apontando para uma nuvem que, mudando de forma, parecia agora correr.
- E eu vejo… um coração! – disse a mãe, deitando-se entre os dois filhos e entrando na brincadeira que lhe recordava a sua própria infância.
- Pois é, ali! – apontou Joana – É o símbolo do amor, não é?
- É… o símbolo dos amores… - respondeu a mãe.
- Amores?... Há mais que um amor? – perguntou Joana, pensativa.
- Há muitos, todos grandiosos! E não se sentem apenas no coração que bate acelerado… Sentem-se em todo o corpo: nos olhos brilhantes, no sorriso mais bonito, nos pêlos dos braços que se eriçam, nas pernas que às vezes tremem, na barriga que parece ter borboletas a esvoaçarem dentro dela.
Joana sentara-se. Os seus dez anos estavam a transbordar de curiosidade e as palavras da mãe eram como as bolachas de canela da avó. Queria sempre mais uma…
- Mas porque falaste em amores? No plural?...
- Bem… Podemos amar um filho, uma mãe ou um pai, um irmão, um namorado, um amigo, a Natureza… são amores diferentes. Mas há algo comum a todos eles… Depois vais tu dizer-me o quê, está bem? – desafiou a mãe, então com o João aninhado no seu colo. Apesar dos seus três anos, gostava de ouvir as explicações da mamã. Eram melodias compostas de palavras doces e sábias.
- Mas amor é amor, ou não? – contestou Joana, ainda com dúvidas.
- Olha, os amores são como as cores. O amor entre irmãos é cor-de-rosa. Ternurento, cúmplice, brincalhão. É o amor de uma meninice partilhada com brincadeiras… e também algumas desavenças – disse a mãe, sorrindo e acariciando os cabelos encaracolados do seu menino – É o amor que crescerá convosco e que será cada dia maior, tal como vocês serão cada dia mais altos. É a certeza de haver alguém sempre connosco, aquele que partilhou a mesma casa, o pai e a mãe.
Joana olhou o irmãozinho, segurando-lhe a mão rechonchuda.
- É assim mesmo o meu amor por ti, João. Cor-de-rosa muito claro… E o amor entre os papás? De que cor é?! – perguntou a menina, corando ligeiramente.
- O amor entre os pais começa por ser vermelho, quando se apaixonam. Contam os minutos para estarem perto um do outro, abraçam-se e beijam-se muito… - explicou a mãe, observando os risinhos envergonhados de Joana – e depois, a cor muda para amarelo polvilhado de pozinhos dourados... É uma cor mais serena cheia de esperança de uma vida conjunta, criando uma família, com o nascimento dos filhos. É uma cor que brilha, pela felicidade que é partilhar a vida com uma pessoa que nos completa… e que amamos.
- E de que cor é o amor que temos pelos amigos? A esse amor chama-se amizade? – perguntou Joana, lembrando-se do que sentia pela Matilde, a sua melhor amiga.
- Bem, de facto amizade é o nome que se dá ao sentimento que temos pelos amigos. Mas temos amigos tão especiais que o sentimento é maior que a amizade. São amigos que parecem irmãos e então, o que temos por eles é amor. São como irmãos que nasceram de outros pais – gracejou a mãe, bem-disposta, sentindo o pôr-do-sol, morno, no rosto – É o amor azul. Um azul de céu de Verão, límpido e apaziguante.
- É assim com a Matilde… A nossa relação é, sem dúvida, azul! Falaste na Natureza… Também se pode amar? – indagou Joana.
- Sim, princesa! Podemos e devemos amar os animais, os rios, as flores, as árvores. Amar a Natureza é amar a casa de todos nós. E é um amor verde, como um lago em sossego. E, ao amar a Natureza, nasce em nós o desejo de a ajudar. Amar uma flor é tratá-la e admirá-la. Não é colhê-la.
- Nunca tinha pensado nisso… E acho que essa é a resposta à pergunta que me fizeste! – exclamou Joana, satisfeita por ter encontrado a solução para o desafio que a mãe lhe colocara.
- Como assim, filha?
- Amar não é possuir, pois não? Amar é ajudar, partilhar e deixar livre… Se quisermos possuir, é porque não é amor verdadeiro – disse Joana, agora novamente deitada na erva e de olhos fixos nas nuvens. Nuvens que dançavam ao sabor da voz da mãe.
A mãe estava agora de lágrimas nos olhos. Rolavam perfeitas e pareciam clamar pelo amor em falta em toda aquela conversa: o amor branco.
- Porque choras, mamã? – perguntou João, limpando com a sua doçura de criança as lágrimas do rosto da mãe.
- Estas são as lágrimas que nascem do amor branco, meus filhos. É o amor de mãe e de pai. É o sentimento que nasce em nós quando sabemos que um bebé do tamanho de um bago de arroz está a crescer na barriga. É branco porque tem todas as possibilidades: o amarelo quando brincamos juntos nos baloiços, o cor-de-rosa quando nos aninhamos no sofá numa tarde chuvosa de Domingo, o castanho quando fazemos juntos um bolo de chocolate…
- … o cor-de-laranja quando nos lês um livro de aventuras, o azul quando corremos na praia, o verde quando calçamos as galochas e saltamos nas poças de água! – continuou Joana, radiante.
- E preto, mamã? – perguntou João, percebendo que raramente se falava naquela cor escura.
- O preto aparece no coração dos papás ao verem um filho doente… - respondeu a mãe, cujo olhar assumiu essa cor por instantes – Mas este amor também pode ser vermelho, quando os pais ralham!... – continuou depois, fingindo-se zangada.
-Mas se ralham, não é amor… - respondeu Joana, vendo que a lua se acendera já no céu.
- Ai é, é. Quando os papás se zangam, fazem-no porque querem ensinar os filhos a fazerem o que é correcto. Também aí há amor, embora ruidoso! Mas a maior parte das vezes, o amor de mãe e de pai é mesmo branco… é completo, maior que a distância da Terra à lua – continuou a mãe, abraçando os dois filhos.
- Posso dizer-te qual é a cor do meu amor por ti, mamã? – perguntou Joana.
- Sim, princesa. De que cor é? – retorquiu a mãe, curiosa.
- É violeta. Como os lilases que vejo da janela quando me dizes ‘bom-dia’ . Como a fada que dorme comigo e me protege dos sonhos maus. Um abraço teu faz passar todos os medos e o teu sorriso é como o sol que nasce. Todos os dias.
Uma bola de sabão que ainda por ali voava veio rebentar no nariz do João. Entornou então nos três corações todas as cores do arco-íris. Todas as cores dos amores.



 A mentira Escrito por Texto: Eunice Guerreirio/Ilustração: Lucy Pepper

Na sala de aula, todos os meninos se ajeitavam nas cadeiras e pegavam no lápis. A borracha, essa, fi cava ali bem perto, pois certamente seria muito útil. A professora iria distribuir-lhes uma ficha de avaliação de língua portuguesa. Maria apertava o lápis com a mão transpirada, olhava em redor e sentia uma ansiedade crescente à medida que a professora se aproximava da sua mesa, distribuindo as folhas de papel para serem preenchidas. Na sua cabecita, voavam pensamentos desordenados. Devia ter estudado… E agora? Não me lembro de nada. Vou ter má nota e todos se vão zangar comigo… As lágrimas espreitavam pelos olhos de Maria, como se se debruçassem de uma janela, curiosas por conhecerem a paisagem que dali se via. 
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– Boa sorte, meninos – desejou a professora, sempre sorridente e esperançosa no desempenho dos seus alunos - Têm 45 minutos para fazerem esta ficha. Todos os livros e cadernos dentro das mochilas. Em cima da mesa apenas a folha, o lápis e a borracha.
Graus dos adjetivos. Ai… Comparativo, superlativo! Antónimos e sinónimos. Formas verbais… pensava a menina, enquanto olhava a folha, em pânico. O nervosismo não lhe permitia sequer pensar e fazer o teste. Ocorreram-lhe algumas possíveis soluções para sair daquele problema: 1) falar com a professora e explicar-lhe que não tinha estudado, suplicando que a deixasse fazer a prova noutro dia; 2) fingir que se estava a sentir mal, para que a deixassem ir para casa e fazer o teste noutro dia; 3) copiar do teste do Afonso, que se sentava ali ao lado e que era o melhor aluno da turma. Esta terceira hipótese pareceu-lhe a melhor, pois não gostaria de confessar não ter estudado e também sabia não ter lá muito jeito para teatro. Para além disso, o Afonso era amigo de todos e quase sempre deixava que copiassem dele os trabalhos-de-casa. Certamente não iria agora negar-lhe essa ajuda. 

Foi então que Maria começou a chegar a sua cadeira um bocadinho mais para o lado. Sempre que a professora ficava de costas para ela, chegava-se um bocadinho mais. E mais um pouco… Depois, esticava a cabeça como uma tartaruga que espreita pela carapaça. De olhos esbugalhados, tentava decifrar a letra pequenina de Afonso que, percebendo que a colega precisava de copiar, também chegara a cadeira para perto dela. Esticou-se e conseguiu ler que o antónimo de ‘comprar’ era ‘vender’ e que o antónimo de ‘verdade’ era ‘mentira’. Quando tentava ler o grau do adjetivo ‘lindíssima’, sentiu que alguém lhe tocava no ombro. Virando-se viu a professora ao seu lado. Maria estremeceu e, ao olhar os olhos da professora, conseguiu ler todas as palavras que formavam o seu pensamento. E nem foi preciso esticar-se como uma tartaruga. Leu desapontamento, desilusão, deceção. Teria sido menos doloroso se tivesse lido zanga ou irritação. 

– Maria, entrega-me a tua ficha. No intervalo ficas aqui na sala para conversarmos – afirmou a professora, com voz firme, mas triste.
Com maior ou menor sucesso, as restantes crianças terminaram as suas provas e foram para o intervalo. De lá de fora chegavam gargalhadas, risos, raios de sol, vozes infantis cantando. Dentro da sala ouvia-se o pesado som do silêncio que antecede as palavras que não se querem escutar.
– Não compreendo, Maria. És uma boa aluna, responsável. O que se passou? – Perguntou a professora, serenamente.
– Não estudei. Fiquei no computador e quando olhei o relógio já era tarde e estava cansada… – respondeu Maria, cabisbaixa.
– E achaste que resolvias o problema copiando por um colega? Não te parece que o mais correto seria enfrentares as consequências de não teres estudado? Certamente na próxima vez irias preocupar-te em estudar em vez de ficares no computador, não é, Maria? Copiar e enganar nunca são soluções válidas. É preferível uma má nota.
– Não voltará a repetir-se, professora. Desculpe – afirmou a menina, honestamente.
Ao chegar a casa, Maria tentou esconder a tristeza. Forçou um sorriso, aclarou a voz e dirigiu-se à mãe para lhe dar um beijo.
– Olá filha. Como correu a ficha de português? – perguntou a mãe, esperando a habitual resposta que, de facto, surgiu.
– Muito bem, como sempre! De certeza que vou ter boa nota! Vou brincar para o meu quarto! - exclamou  Maria que, ao afastar-se da mãe, deixou que novamente a tristeza viesse pintar o seu rosto. Na realidade, o desalento e a vergonha ocupavam todo o seu corpo: os olhos apagados, a boca contraída, os braços esmorecidos, os ombros arqueados, o coração destroçado.
Trrimmm. Trrimmm. A mãe atendeu o telefone e ouviu a professora da Maria contar-lhe o sucedido naquele dia. Terminada a conversa, a mãe respirou fundo e dirigiu-se ao quarto da filha. Sentou-se junto dela, segurou-lhe a mão e disse-lhe calmamente:
– Filha, já sei o que se passou hoje na escola. Compreendo que te tenhas sentido insegura perante uma ficha para a qual não te tinhas preparado. Erraste porém ao tentares copiar do colega. Mas acima de tudo, não agiste corretamente ao dizeres-me que tinha corrido bem. Mentir não apaga os problemas. Torna-os maiores, como bolas de neve que crescem à medida que rebolam colina abaixo. Maria olhava o chão, envergonhada demais para enfrentar os olhos da mãe que, embora doces, a lembravam da mentira que dissera.
– Se tivesse má nota ficavas triste comigo… – justificou-se Maria, sentindo as lágrimas salgadas tocarem os seus lábios.
– Meu amor, é normal umas vezes haver boas notas e outras vezes não. Nunca ficaria desiludida contigo por isso. Só quero que percebas que quando mentimos enganamos os outros que afinal estão ali para nos ajudarem, como é o caso da tua professora e de mim. E por me teres dito que o teste tinha corrido bem, ele não se transformou num teste cheio de respostas certas, pois não? – explicou a mãe, colocando o braço por cima dos ombros da menina.
– Desculpa, sei que fiz mal – disse Maria, genuinamente, sentindo que mentir pode resolver os problemas naquele instante, mas agiganta-os em todos os outros que se seguem.
– Que bom que reconheceste o teu erro. A professora vai amanhã entregar-me a tua ficha e, juntas, vamos fazê-la, revendo toda a matéria, sim?
Maria abraçou a mãe, sentindo que o sucedido as tinha aproximado ainda mais. E não esqueceria jamais que o antónimo de ‘mentira’ é ‘verdade’. A verdade que nos deixa livres da culpa que pesa e magoa.


 De onde vêm os bebés? Escrito por Texto: Eunice Guerreirio/Ilustração: Lucy Pepper
'Vou ter que explicar à Clara!'
O Verão viera de visita à terra. As paredes de cal branca acolheram-no com saudade. As sombras, debaixo das árvores, acenavam-lhe docemente. Ali tudo era calmo. Ali, sim, as férias sabiam a tempo. Tempo de correr, de andar de bicicleta, de esquecer as horas de dormir e de acordar. Tempo de nadar ou de nada fazer.
- Olha ali, filho! Aquele ninho já tem duas cegonhas bebés! – exclamou a mamã, apontando para a torre da igreja, enquanto passeavam num fim de tarde pelas ruas da aldeia.
O Gonçalo observou o ninho atentamente. Reparou que as duas cegonhas grandes, de penas brancas e porte real, alimentavam as cegonhas pequeninas. Tal como a sua mãe e o seu pai tratavam dele, embora, claro, ele usasse prato e talheres!
De regresso à quinta dos avós, o Gonçalo foi buscar o seu caderno e os lápis de cor. Como não sabia ainda escrever, desenhava o que queria contar. As cegonhas ilustraram então uma página inteira do caderno. Pareciam felizes, observando a paisagem lá de cima.
O dia era longo, não tinha vontade de terminar. No relógio da cozinha da avó Mariana os ponteiros já marcavam as vinte horas, mas o sol ainda brilhava.
alt- Anda ver os bacorinhos! – chamou o avô, radiante como sempre ficava por ter o neto por perto. Poder mostrar-lhe que a vida não é só televisão e playstation e cidade e barulho e correrias. Oferecer-lhe dias cheios de momentos lentos, pachorrentos e que se arrastam com a brisa que raramente corre. Normalmente, passeia.
O Gonçalo levantou-se da cadeira e correu para junto do avô. Já o caderno ficou à espera que o menino lhe pintasse novas aventuras. Gostava tanto!
Oinc! Oinc! Ouviam-se os porcos grunhirem enquanto mamavam da grande porca ali deitada. Uns eram cor-de-rosa, outros cinzentos. Havia um todo preto.
- Oh… não sabia que mamavam assim… - disse o Gonçalo, boquiaberto, observando os esfomeados porquinhos.
- É verdade! Estão cheios de energia! Vão crescer depressa, a comerem assim! – disse o avô, orgulhoso dos seus bichos .
- Veio hoje, a cegonha? – perguntou o menino, curioso.
- Qual cegonha, rapaz? – questionou o avô, sem perceber a pergunta do neto.
- A cegonha que traz os bebés! Também traz os porquinhos? Se calhar até foi uma daquelas que vi na torre da igreja! – anunciou o Gonçalo, contente por achar ter visto a cegonha que tem a importante missão de levar os bebés às suas mamãs.
O avô tossiu, sorriu, corou, coçou o cabelo grisalho.
- Bem, Gonçalo… quem te contou isso da cegonha? – perguntou, hesitante, o avô Manel, observando o sol que se espreguiçava no horizonte de azinheiras.
- Foi a Clara, uma amiga da escola. A mãe dela vai ter um bebé e ela disse-me que será a cegonha a trazê-lo, mas só quando a barriga da mãe estiver muito grande, para o bebé caber lá dentro!
- Olha, a tua amiga está enganada, filho – sussurrou-lhe a mamã que entretanto se aproximara e ouvira parte da conversa entre o filho e o avô – Não é assim que nascem os bebés…
- Ai não?! – exclamou estupefacto o menino – Então como é?!
- Quando um homem e uma mulher gostam muito, muito um do outro!... Se querem juntos criar uma família e conseguem dar aos filhos uma casinha, comida deliciosa, brinquedos, livros para ler e lápis para pintar...
- … como eu tenho, mamã?! – interrompeu o Gonçalo.
- Sim, amor, como tu tens. O papá e a mamã namoram sozinhos um com o outro e o papá põe uma sementinha muito pequenina na barriga da mamã.
- Como? – indagou o menino, atento às palavras da mãe.


- Bem, há uma razão para as meninas terem pipi e os meninos terem pilinha. Dentro da barriga, a mamã tem uns ovos muito pequeninos que precisam de crescer para se transformarem em bebés. Mas, para eles crescerem, o papá tem de lá colocar umas sementinhas, também muito pequeninas, e que saem pela pilinha. A pilinha tem de colocar as sementinhas dentro da barriga da mamã. Elas entram pelo pipi. Quando já lá estão dentro, correm em direcção aos ovinhos da mamã e um desses ovos transforma-se em bebé. Mas é ainda um bebé muito pequenino! A barriga da mamã é muito confortável, como uma cama fofa, e então o ovo começa a crescer, a crescer… e é por isso que a barriga também cresce!
- Olha, como é quentinho e fofo o ninho das cegonhas que viste hoje! – explicou o avô, com olhos de mel observando o seu menino que entretanto crescera.
- Ah!... A cegonha pequenina também nasceu da barriga da cegonha grande?
- Não. As cegonhas mamãs põem ovos e depois aquecem-nos no ninho até as cegonhas bebés estarem prontas para nascerem. Já as crianças crescem dentro das barrigas das mamãs e não dentro de ovos – continuou a mãe a explicar, pacientemente.
- Até é mais fácil assim, não é mamã? Se tivesses estado em cima de um ovo até eu nascer, se calhar era aborrecido! – disse o Gonçalo, causando duas sonoras gargalhadas, da mãe e do avô.
- Pois, seria aborrecido, sim. Ias dentro da minha barriga para todo o lado e todos os dias crescias mais um bocadinho!... Até que te senti mexer pela primeira vez. Nesse dia senti-me a mãe mais feliz do mundo! – recordou a mamã, abraçando o seu menino.
- E como saem depois os bebés das barrigas?
- Ficam lá durante nove meses e depois podem sair de duas maneiras: ou saem pelo pipi da mamã ou então os médicos ajudam-nos a sair pela barriga, fazendo um pequeno corte – disse a mãe, acariciando-lhe o cabelo escuro.
Gonçalo abriu muito os olhos, horrorizado.
- Deve doer imenso, mãe! Dói, não dói?
- Não, filho. Quer seja de uma maneira ou de outra, os médicos ajudam as mamãs dando-lhes anestesia.
- Aneste… quê? – perguntou Gonçalo, desconhecendo a palavra.
- É uma pica que tira as dores. Olha, como os xaropes que tu tomas quando te dói a garganta. Também há mamãs que preferem que os bebés nasçam em casa, em vez de irem para o hospital. Nesses casos, têm também com elas alguém que as ajuda.
Gonçalo olhou os porquinhos que naquele momento já pareciam saciados. Perguntou depois:
- E os bebés também mamam assim como os porquinhos? Ou comem como as cegonhas pequeninas que vimos?
- Os bebés bebem o leite das maminhas da mamã durante muito tempo. Só alguns meses depois de nascerem começam a experimentar outros alimentos, como a sopa ou a fruta. Outras vezes não mamam das maminhas, mas do biberão.
- A-ah! É por isso que as mulheres têm as maminhas grandes e os homens não! – constatou Gonçalo, vitorioso com a sua descoberta.
- Exactamente! Mas tanto o pai como a mãe participam nas restantes tarefas... E são tantas, quando os bebés são pequeninos: mudar a fralda, adormecer, passear ao colo, dar o banho!...
Como uma manta azul-celeste, a noite chegara. O Gonçalo, o avô e a mãe deixaram os porquinhos e seguiram para casa. Passos sem pressa, olhares que se perdem em horizontes verdes, alaranjados ou azuis. Duas estrelas pequeninas, quase imperceptíveis, vieram cumprimentar o menino. Ao seu lado, saltitando e ronronando, apareceram o gato Nicolau e a gata Margarida. Gonçalo aproximou-se deles e perguntou baixinho:
- Quando vão fazer o vosso bebé? Hoje vou desenhar no meu caderno como se fazem e depois ensino-vos! Ah! E também vou ter que explicar à Clara!...


 O Divórcio Escrito por Texto: Eunice Guerreiro, ilustração: Lucy Peppe
As duas casas da Matilde
Naquela manhã, o sol brilhava intensamente e incidia diretamente na toca da coelha Matilde. Lá dentro, Matilde comia apressadamente o seu pequeno-almoço, pois eram já horas de ir a correr e a saltitar para a escola. Não gostava de se atrasar, pois a professora Cassandra, a coruja, olhava sempre de soslaio para aqueles que chegavam depois da aula começar. E em seguida emitia um som de desagrado: hummm… Porém, apesar da pressa, Matilde ficou mais alguns momentos ali na cozinha da toca, ouvindo o papá e a mamã que, no quarto ao lado, falavam alto e pareciam zangados um com o outro. ‘O que será agora?...’ pensava Matilde, sentindo que o sol lá fora já não brilhava tão intensamente e perdendo a vontade de saltitar… apesar da pressa.
Aquele dia na escola foi muito interessante. A professora organizou os alunos em grupos de trabalho e deu-lhes um tema sobre o qual teriam que elaborar um texto para apresentar depois à turma. O tema era ‘A família’. No grupo da Matilde estavam a tartaruga Joaquina e o pardal Tomás.
– Bem, eu acho que a família é feita daqueles com quem vivemos… – disse a tartaruga Joaquina docemente – Eu vivo com a mamã, o papá e o mano.
alt– Não é sempre assim – respondeu o pardal Tomás, de penas arrebitadas e olhar vivaço – Eu por exemplo moro com a mamã e a avó, mas a minha família não são só elas! Também tenho o papá, embora não viva no mesmo ninho que eu!
– Ai é? – perguntou Matilde, pensativa – O teu papá mora longe?
– Não. Mora logo três árvores ao lado e vêmo-nos quase todos os dias. Hoje é ele que me vem buscar à escola e depois vamos praticar voos rasantes juntos! – respondeu entusiasmado o pardal Tomás, que adorava desportos radicais.
– Vá, vamos escrever o texto que já só temos dez minutos – alertou a tartaruga Joaquina, pegando no caderno e no lápis.
Matilde foi escolhida pelo grupo para ir ler o texto perante os colegas e a professora. Começou então:
Família é quem cuida, quem cozinha connosco um bolo de cenoura e chocolate, quem trata as feridas, quem dá colo.
Família é quem nos abraça, quem nos ouve e dá conselhos, quem nos aconchega os cobertores numa fria noite de inverno.
Família é quem ajuda com os trabalhos da escola, quem brinca connosco, quem nos ama.
Tanto a professora como os restantes alunos aplaudiram o texto da Matilde, da Joaquina e do Tomás.
- Muito bem, meninos! É isso mesmo: as famílias podem ser muito diferentes, mas só assumem o nome ‘família’ quando têm as raízes que nos fazem crescer felizes.
Contente com o elogio da professora, Matilde correu de regresso a casa com vontade de contar ao papá e à mamã como tudo tinha corrido naquele dia na escola. Ao chegar, viu que os dois estavam sentados no sofá às riscas da sala-de-estar. Estavam silenciosos e aparentemente serenos, mas Matilde sentia que aquele não era um silêncio normal nem confortável. Não era o silêncio que surge quando queremos apenas ouvir a Natureza cantar lá fora. Nem era o silêncio que inunda a toca quando todos vão descansar. E também não era o silêncio que se impõe quando damos um abraço à mamã ou ao papá e tentamos guardá-lo na memória, fechando os olhos e apenas sentindo o perfume do amor que se solta. Não. Aquele era um silêncio que Matilde desconhecia e que trazia com ele uma novidade.
– Olá filhota. Senta-te aqui connosco. Temos uma coisa para te contar – começou a mamã, ajudando-a a tirar a mochila das costas.
Matilde sentou-se entre a mamã e o papá e aguardou.
– Bem, o que temos para te contar é que a mamã e o papá vão separar-se. Decidimos que não queremos mais viver juntos e, por isso, viveremos em casas diferentes – explicou o papá, tranquilo.

– Mas queremos que te lembres sempre, em todos os momentos, que o divórcio entre os pais não significa nunca o divórcio do pai ou da mãe contigo. Não existe divórcio entre pais e filhos. Essa é uma relação que nada nem ninguém pode cortar – continuou a mamã, acarinhando as compridas orelhas da Matilde.
A serenidade dos papás era branca. Parecia a neve que cai no bosque no mês do Natal. Ou o doce açúcar que a avó Berta polvilha por cima das suas tartes. E essa branca serenidade trouxe à boca da Matilde palavras que, embora trémulas e hesitantes, tinham em si a forte certeza de que tudo ficaria bem.
– Vou passar a ter duas famílias? Vou viver com quem?
– Meu amor, passarás a ter duas casas, mas a família é só uma e estará sempre unida por ti e para ti. Uma família que resolverá quaisquer problemas que surjam, uma família que comemorará tudo o que de importante acontecer na tua vida. Achas que a mamã ou o papá deixariam de assistir à peça de teatro da festa de fim de ano da escola?! Ou que não te acompanhariam ao hospital se partisses uma patita?! – perguntou a mamã, deixando bem claro que só uma mudança aconteceria na vida da Matilde: passaria a ter duas tocas e viveria com o papá e a mamã, embora em casas separadas.
– Uns dias dormirás aqui nesta toca, noutros irás dormir à toca do papá. Tanto a mamã como o papá continuarão a dar-te banho, a ajudar nos trabalhos-de-casa, a passear contigo! Ah, temos que escolher a cor para pintar o teu quarto, filha! – exclamou o pai, entusiasmado.
– Hummm… talvez cor-de-laranja, como as cenouras… – respondeu Matilde, sorridente. Por momentos lembrou-se da alegria do colega Tomás, apesar de falar dos pais que viviam separados. E agora compreendia porquê. A mamã e o papá estarão sempre presentes na vida dos filhos e, todos juntos, serão sempre uma família.
Mas, logo em seguida, os olhos de Matilde voltaram-se para o chão e entristeceram-se. As suas grandes orelhas baixaram-se sobre eles, tentando ocultar as redondas lágrimas que rolavam devagar pelos seus bigodes. Depois, palavras lentas, pequeninas e tristes saíram da sua boca:
– Vão separar-se porque às vezes porto-me mal, não é? Como no outro dia em que saltei tanto no sofá que caí e parti a jarra de flores que a avó Berta tinha oferecido?...
– Matilde, minha querida, os papás vão separar-se porque deixaram de gostar um do outro enquanto namorados, mas continuarão sempre a gostar-se enquanto teus pais. Talvez tenhas reparado que ultimamente não andamos tão carinhosos ou até que às vezes temos discutido… Foram os sinais de que a nossa relação de amor chegou ao fim. Mas o amor que temos por ti, esse, só pode continuar a crescer e é tão certo existir como todas as noites o sol dormir e a lua acordar.
Nesse instante, Matilde olhou lá para fora e viu que o sol já se punha, deixando o céu com a sua cor preferida. Limpando as lágrimas e sentindo no coração a certeza de não vir a perder nunca o pai ou a mãe, deu-lhes as mãos e disse, sorridente e orgulhosa:
– Hoje na escola fizemos um trabalho sobre a família. Escrevemos um texto que vai amanhã ser afixado no átrio. Vou pedir à professora para acrescentar uma frase.
– Qual, Matilde? – perguntou a mamã, curiosa.
Família é quem nos assegura estar sempre aqui, mesmo que more noutra casa.
Os três deram um abraço. E, desta vez, as palavras dos papás substituíram o silêncio.
– Amo-te, Matilde – disseram os pais em uníssono.


Quando o Dinky morreu Escrito por Texto: Eunice Guerreirio/Ilustração: Lucy Pepper
Foi numa tarde de outono que Gustavo aprendeu aquilo. Aquilo de que os adultos muitas vezes evitam falar; aquilo que os faz contorcerem as mãos com nervosismo e olharem para o lado. Aquilo chegou à vida do Gustavo através do seu melhor amigo, o cão Dinky, que ultimamente passava os dias deitado, sem vontade de brincar. Nessa tarde, Gustavo correra por cima das folhas estaladiças que adornavam o chão do pátio junto a sua casa. Correra porque a escola terminara e queria voltar. Mas, sobretudo, correra para ver como estava o seu cão. De manhã, ele ficara ainda mais quieto e olhara-o nos olhos como nunca antes tinha feito. Parecia um olhar de gente, gente que não fala com a boca, mas fala com palavras que nascem dos olhos. Ao entrar em casa, reparou que a cama do Dinky estava vazia. Alegrou-se, pois achou que finalmente o seu cãozinho se levantara para brincar. Mas talvez não fosse isso. A mamã estava sentada na cozinha. Segurava um lenço na mão e tinha os olhos vermelhos.
– Filho, anda cá… – chamou a mãe.alt
– Mamã… Onde está o Dinky? Porque estás a chorar? – Perguntou o menino, sentindo as pernas trémulas e desejando que a resposta da mãe ficasse a pairar no ar e fosse levada para longe, pelo vento, nunca chegando aos seus ouvidos. Mas as palavras da mãe chegaram até si e foi nesse momento que Gustavo aprendeu aquilo.
– O Dinky morreu, meu amor… – disse ela com a tristeza transbordando da voz, dos olhos, das mãos inquietas e do coração de mãe, que sofre pela sua mágoa e também pela dor do seu menino que, ainda criança, teria que aprender que a morte existe. Isso é que é o ‘aquilo’ que os adultos evitam. Gustavo, ao contrário da mãe, naquele momento não chorou. Não chorou talvez porque não percebesse o que é morrer. Ou talvez porque o seu coração ficasse gélido e congelasse as lágrimas, não as deixando cair. Ou talvez porque as perguntas que espreitavam na sua cabeça o ocuparam de tal forma que ainda não tinha tido oportunidade de sentir a morte do seu melhor amigo.
– Morreu… Mas onde está? – Insistiu Gustavo.
– Está lá fora, dentro de uma caixa. Eu e o pai pensámos que gostarias de te despedir dele… – respondeu a mãe. Os dois dirigiram-se ao quintal, de mãos dadas. Juntos, abriram a caixa. Gustavo fez-lhe uma festinha, mas rapidamente afastou a mão, sentindo-o frio.
– Ele tem frio! – Exclamou o menino, preocupado.
– Não, querido. Quando se morre já não se sente mais frio, fome, calor ou sede… O corpo deixa de funcionar, pelo que não precisa de alimento ou de roupa, filho. Ele está frio porque o corpo morreu – explicou docemente a mamã.
– Mãe, ele está a dormir? Parece estar a dormir! E se o acordássemos?! – Sugeriu Gustavo, convicto de que a morte era apenas um sono mais profundo que talvez pudesse ser despertado, como o sono da Branca-de-Neve.
– Não está a dormir, não. Dormir é normal, é como descansamos para, no dia seguinte, voltarmos a acordar para ir à escola ou para ir trabalhar. Parece estar a dormir, mas a diferença é que o coração dele deixou de bater. O Dinky estava já muito velhinho… a hora dele chegou…
– Qual hora, mãe? Mas existe hora marcada para morrer?! – questionou o menino.
– Não existe hora, mas todos os seres vivos um dia morrerão. É o ciclo da Natureza. Tal como as folhas secam e caem das árvores para depois darem lugar às flores que, por sua vez, são substituídas pelos frutos. As pessoas e os animais também têm o seu ciclo: nascem, crescem, envelhecem e morrem. Foi nesse instante que Gustavo sentiu algo inesperado. Sentiu que cada ano, cada mês, cada semana, cada dia, cada hora, cada minuto de vida são presentes embrulhados em papel dourado, são dádivas que cada um de nós deverá aproveitar, usando-as da melhor forma possível, uma vez que um dia esses presentes deixarão de chegar.
– Sabes uma coisa, mãe? Então o ciclo de vida do Dinky completou--se. Recebi-o quando ainda era um cãozinho bebé, ensinei-o, brincámos todos os dias, passeámos na praia e no parque. E estivemos sempre juntos, mesmo quando ele já estava velhinho sem vontade de correr… – disse Gustavo, sorrindo e deixando que as suas lágrimas caíssem agora livremente – Vou ter saudades dele, mas fico feliz por saber que abrimos juntos todos os presentes que a vida nos deu. E tanto que brincámos com eles! A mãe abraçou o filho, dizendo:
– Sim, isso é o mais importante. Vivermos felizes com quem gostamos enquanto estão connosco.
– E para onde vai agora o Dinky, mamã? – Questionou Gustavo.
– Eu e o pai pensámos em fazer-lhe o funeral na serra onde ele tanto gostava de correr. O que achas?
– O que é isso, um funeral?
– É uma cerimónia na qual vemos a pessoa que morreu pela última vez. Costumam reunir-se ali todas as pessoas que gostavam dela e é costume enterrar-se o corpo dentro de um caixão coberto com lindas flores. Muitas vezes as pessoas choram nos funerais, sentindo já saudade da pessoa que não volta mais…
– Mas… continua a viver noutro sítio? Já ouvi alguém dizer que se vai para o céu… – interrompeu o menino, para quem a morte era afinal o que nos obrigava a darmos mais valor à vida.
– Olha, meu amor. A morte é um mistério para toda a gente. Ninguém tem certezas, mas há quem acredite que a alma continua viva, apesar do corpo morrer… – tentou explicar a mãe.
– Alma? – Questionou Gustavo, de olhos fixos no seu cão.
– Hummm… É como se pudéssemos ser separados em duas partes. O corpo seria uma parte. A alma incluiria os sentimentos, a pessoa que somos. Por exemplo, a tua alma será com certeza alegre, meiga, branca, doce, solidária. É como se tudo o que tu és, esquecendo o teu corpo, nunca desaparecesse, percebes?
– Percebo. E tu acreditas em quê, mamã?
– Eu?... – Começou a mãe, pensativa – Eu acredito que a alma das pessoas ou animais que morrem estará sempre viva através daqueles que ainda cá ficam e que os recordam com saudade e com amor.
– Então a alma do Dinky estará sempre viva, contente e brincalhona enquanto eu viver. Porque eu nunca o vou esquecer – afirmou Gustavo, perdendo o receio de tocar o corpo frio do seu amigo, abraçando-o.
Ainda nessa tarde, Gustavo foi no carro com os pais para, juntos, o enterrarem no cimo da serra. O ar estava amarelado, anunciando uma tempestade.
– Queres dizer alguma coisa, filho? – perguntou o pai, antes de tapar a sepultura já com o cão lá dentro. Gustavo permaneceu em silêncio por alguns instantes e depois disse:
– Querido amigo, em vez de chorar, quero celebrar. E, dirigindo-se ao carro, retirou doze balões.
– Por cada ano juntos, um balão que voará até ao céu – continuou o menino – Em cada um, uma palavra…
Nos balões liam-se as seguintes palavras: amizade, meiguice, brincadeira, entreajuda, compreensão, passeios, descobertas, traquinices, crescimento, confiança e amor.
Algumas gotas de chuva trouxeram o cheiro do outono. Que em breve seria inverno para depois nascer a primavera que se desvaneceria para chegar o verão. Presentes da Natureza que Gustavo continuaria a desembrulhar, lado a lado com a lembrança do seu melhor amigo.

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